domingo, 7 de novembro de 2010

Caos: Hospitais estão sobrecarregados

Atendimentos dobraram em algumas unidades após fechamento de emergências

Rio - A interrupção do atendimento nos hospitais Pedro II, Clementino Fraga Filho, no Fundão, e Leonel de Moura Brizola, em Mesquita, já provoca sobrecarga em outras unidades públicas. O Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, e o Melquíades Calazans, em Nilópolis, chegaram a registrar o dobro da procura após o hospital de Mesquita, única emergência daquela cidade, fechar.
Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
O Hospital Pedro II pegou fogo em outubro e pacientes tiveram que ser transferidos para outras unidades de saúde | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia

A Secretaria Estadual de Saúde admitiu que o Rocha Faria, em Campo Grande, e o Albert Schweitzer, em Realengo, ficaram sobrecarregados com o Pedro II fechado. No primeiro, a procura saltou de 450 pacientes por dia para 600. Nas UPAs de Santa Cruz, a espera por atendimento está levando 1 hora e meia. No Hospital de Saracuruna, Caxias, o atendimento aumentou 30%.

Na Posse, o diretor Carlos Henrique de Mello Reis informou que a unidade foi programada para atender de 200 a 300 pacientes com traumas de média e alta complexidade, mas já está entre 400 e 600 por dia. “Esse excesso é referente à falta de atenção básica e primária. São pessoas que veem da Z. Oeste, Região Serrana e municípios da Baixada para cá. Estamos sobrecarregados”, lamentou.

Na Baixada, pacientes peregrinaram por socorro. Com a filha recém-nascida no colo, Roseane Gonçalves de Lima, 24 anos, estava desolada na porta do Hospital Municipal Juscelino Kubitschek, em Nilópolis. “Moro em Anchieta, mas não sabia do fechamento do São José, onde passei antes de vir para cá. Me disseram que Pediatria aqui não tem há meses. Estou indo para a Posse”, disse, preocupada com a alergia no corpo da pequena Júlia.

Já o eletricista André Coelho da Silva, 33, saiu de casa com R$ 10 em busca de um ortopedista para Felipe Matheus, de 1 ano e meio. “Fui a um posto de saúde e nada. Cheguei ao São José e nada. Vim para o JK e também não tem médico. Vou ter que ir até a Posse, mas preciso de mais dinheiro ou não terei como ir para casa”, revelou ele, que já tinha gasto R$ 7,05.

À tarde, moradores de Santa Cruz e funcionários do Pedro II fizeram manifestação na porta a Secretaria Estadual de Saúde e na Alerj.

Más condições afugentam

O diretor do Hospital da Posse, Carlos Henrique de Mello Reis, disse que, além dos baixos salários nos hospitais da Baixada Fluminense, a fuga dos médicos da região deve-se às más condições de trabalho: “A falta de materiais essenciais e a sobrecarga causam desgastes na equipe”. Segundo o neurologista, muitos profissionais são obrigados a ter quatro empregos para sobreviver. “Isso influencia diretamente na qualidade do atendimento”, lamentou.

Andaraí e Bonsucesso terão obras na emergência

Até o final do ano, as emergências do Hospital do Andaraí e Geral de Bonsucesso (HGB) iniciarão as obras de ampliação e reforma de suas emergências. O Ministério da Saúde garante que o atendimento não será prejudicado.

Durante a reforma no HGB, o atendimento será em contêineres. A promessa é atender, nesse espaço, o mesmo número de pacientes da emergência, já sobrecarregada em 200%.

Já no Andaraí, a informação é que a emergência permanecerá ativa, reorganizada em outro setor. “Não haverá
descontinuidade do serviço”, informou Oscar Berro, diretor da Rede Hospitalar Federal no Rio.

O presidente do sindicato dos médicos, Jorge Darze, informou que irá entrar com representação no Ministério Público contra o fechamento do Pedro II.

O Dia

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